O amor nem sempre é como nos filmes. Na verdade, raramente é. O amor não vai trombar com você no corredor da escola/faculdade/esquina/(insira aqui qualquer clichê de filmes água com açúcar) e, 50 anos depois, vocês estarão contando essa história para seus netos. Ok, ninguém aqui está falando que é impossível, mas sejamos sinceros, qual a probabilidade? Desanimadora, não?
          O amor não vai chegar quando você estiver preparada, com a casa varrida e o café pronto; com as melhores receitas de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, as playlists salvas no Spotify e presentes pensados para qualquer ocasião comemorativa para os próximos 20 anos.
          Qual é a graça de encontrar o que se espera? Afinal, o que faz o amor ser amor é aquele frio na barriga, a mão suando e o coração a mil por hora. Duvido que você sinta isso por algo que já está preparado/a.
          O amor, aquele de verdade, que vai ser eterno enquanto durar, vai chegar naquela quinta-feira de TPM com o ônibus lotado e uma chuva que parece virar o mundo. Ou naquele sábado, durante um encontro com os amigos de escola. Ou naquele domingo tranquilo, depois de uma boa sessão de cinema. Entende aonde quero chegar?
          O amor não tem hora. Não dia certo, muito menos horário marcado. É todo especial, esse danado. Tão especial que é único em cada situação. As vezes, uma troca de olhares e dois sorrisos são o suficiente. As vezes o sentimento nasce depois de uma conversa de 3 horas sobre os assuntos mais aleatórios possíveis.
          A única coisa comum em todas as situações é o bem querer. É o carinho e atenção constantes. É o "bom dia", "se cuida", "dorme bem". É o sonho e o desejo antes de dormir. É o frio na barriga quando vê o sorriso ao longe.
          Posso te contar uma coisa? Não existe essa de único amor. Quantas vezes você já sorriu sem perceber quando pensava em alguém? 1? 3? 20? 50? Cada uma dessas pessoas você amou. De jeitos diferentes, de intensidades diferentes, mas amou. Pode parecer por um momento que estou banalizando o sentimento, mas é que essa é a verdade.
          Acredite, eu também fiquei chocada quando percebi que era verdade. E, depois que eu aceitei isso pra minha vida, meu emocional ficou bem menos sobrecarregado. E sabe por quê? A partir do momento em que você admite que não existe (pra você) essa história de um único amor pra sua vida inteira, você tira todo o peso da costas de pensar que só vai ser plenamente feliz quando encontrá-lo e passa a apenas aproveitar cada pessoa da sua vida, agora, que te faz feliz.
          Afinal, para sempre? O que é para sempre? O para sempre não passa de um punhado de agoras.

         Nós já fomos muito felizes. Você se lembra? Antes das brigas, dos problemas, antes de tudo. Fomos sim.
         Hoje em dia as lembranças sobre nós dois ficam guardados no canto mais escuro da minha memória, mas elas ainda estão ali.
         Eu me lembro de como começou. Lembro daquele tarde em que nos conhecemos. Eu não esperava. Vestia uma das roupas mais confortáveis e aquele seu olhar fez eu me sentir como se estivesse em traje de gala.
         Me lembro de algumas cenas importantes. Me lembro de todas as músicas dedicadas. De cada carta trocada. De cada frase dita pelo olhar. De cada choro e stress e mágoa.
         E eu me lembro bem daquele final trágico.Na hora meu mundo caiu e eu chorei tanto que no dia seguinte eu acordei com uma dor de cabeça dos infernos que batia no ritmo do meu coração.
         É tão estranho perceber que aquele casal que tanto se gostava, que tanto se amava, tanto fez planos sobre casa, filhos e férias, agora não passa de meros desconhecidos. Mas, quer saber? Eu não me arrependo. Nós passamos por cada fase do namoro, inclusive todas as fases de um término de relacionamento.
         Primeiro aquele momento quase insuportável de ter que colocar fim em algo que planejamos para sempre. Não é fácil lutar contra o misto de sentimento de posse, carência e saudade. São quando os dias tem a duração de semanas e as semanas de meses e um não sai da cabeça do outro.
         Depois a gente tentou de novo. E de novo. E de novo. Tentamos porque sempre existe aquela esperança de que o outro vai mudar. É como quem gira duas peças de partes distantes de um quebra-cabeça para encontrar uma forma delas se encaixarem. Não acontece. Nunca mais será como antes, mas a gente demorou um bom tempo até nos darmos conta disso.
         Depois vem aquela apunhalada no peito a primeira vez que um descobre que o outro está saindo com alguém. Essa parte dói. A gente finge que não, mas dói. Machuca. Vi você se apaixonar de novo e dar pra ela tudo o que eu queria que você me desse.
         Mas aí o tempo passa e transforma tudo em aprendizado. a gente amadurece e percebe o quanto existem possibilidades por aí. O quanto a vida é boa de se viver. A gente descobre que novos amores e novas histórias nos esperam a cada esquina. Descobre que os capítulos acabam, mas o livro continua. Os ombros voltam a ser leves e a gente volta a sorrir.
         Hoje me lembrei de nós. Quis te escrever, mas não desejo que as minhas palavras levem nenhum tipo de rancor. Dessa vez não.
         Eu já não preciso fingir que não lembro. Não preciso tentar provar que você não foi importante. Claro que foi.
         Mas passou.
         Deixou marcas, deixou lições. E eu aprendi tanto contigo! Aprendi a ver o lado bom das coisas mesmo quando o mundo e as obrigações todas lá fora fizeram minha vida virar do avesso. Mas, como quase tudo nessa vida, passou.
         Receba este abraço em forma de texto de alguém que te quer bem.
         Por favor, não pense que essa é uma carta de volta pra mim. É apenas um lembrei de você! Obrigada pelos bons momentos!. E só, mesmo que eu não possa olhar nos teus olhos e precise te escrever pra agradecer por ter feito parte da minha vida.
         Tudo bem assim?
         Espero que termine de ler com aquele sorriso de canto que me fez sorrir tantas vezes.

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Texto adaptado de Rafael Magalhães (leia o original aqui!)

        Quem segue o blog há um tempo ou me conhece pessoalmente sabe que sou a louca do drama. Por mais que eu chore até em comercial de margarina, eu sempre acho que lá no fundo desse drama e chororô e distância e etc, tem sempre algo mais, além de realmente gostar do gênero.

          Pode ir. Vai. Vai logo, antes que eu mude de ideia e te implore pra ficar. Vai, mas não volta. Sério, não apareça mais por aqui, porque você vai e, junto contigo, vai um pedaço de mim também, o que é estranho, já que agora me sinto mais inteira que nunca. É que eu te libertei, sabe? Abri a gaiolinha onde eu te guardava no meu coração e te deixei ir, alçando voo por lugares desconhecidos e cantando para novos públicos que não eu, de madrugada, pelo telefone.
         Sabe, seguir o meu caminho está muito mais leve sem todo esse fardo, pesado e inconveniente pra levar por aí, que é te amar acima de tudo e de todos.
         Tirei todas as amarras e os nós dos meus sentimentos sobre você, sobre nós. Tirei toda a mágoa, todo o rancor e todo o desejo de mal. Te deixei livre pra nunca mais ser preso, nem mesmo nas minhas memórias e sentimentos, porque eu lutei, briguei e me iludi de todas as formas possíveis e imagináveis. Eu consigo te prender a mim. Eu consigo salvar essa singularidade do nosso nós. Tola! Precipitada!
         Te deixo ir. Te deixo livre pra poder viver tudo o que quer e precisa viver. Te deixo livre pra quebrar a cara, cair, levantar e sorrir. Te deixo livre pra viver todos os casos de amor do mundo. Com a música, a bebida, o cigarro, as mulheres, a vida. Te deixo livre para amar o mundo. Te deixo livre para ser das outras. Te deixo livre pra não gostar de mim. Ou gostar, tu é que sabe. Te deixo livre pra sempre. Te deixo livre para habitar outros corações. Eu te deixo livre de mim.
         Voa, meu amor. Vai por você, vai pelo fato de a gente não se entender mais, vai porque viver longe de mim é o melhor para você. Vive tudo que eu não pude te proporcionar, encontre em alguém tudo que não encontrou em mim. Seja muito feliz, beba menos e pare de fumar quando estiver com raiva - pelo bem dos seus sonhos - como eu sempre te disse.
         Ah, e no futuro, quando a saudade bater, não se arrependa do tanto que deixou pra trás, mas celebre o destino das suas escolhas. Não me desaponte batendo na porta da minha casa qualquer dia, nem ligue, ou mande mensagens pelo telefone de um amigo. Nada de recaídas, ok? Lembre-se que no nosso presente cabe tudo, menos nós dois.

        Eu desisti de tudo, sabia? Todos aqueles planos que a gente fazia ao anoitecer no terraço da sua casa foram jogados no lixo azul da cozinha. Desisti do curso de espanhol e dos cachorros. Desisti da viagem pra Inglaterra e da natação. Desisti de assistir CSI.
         Desisti da minha conta na Netflix. Pra que manter? Eu já te disse, moreno, é triste assistir qualquer coisa sem alguém do meu lado. Quem é que eu vou tentar convencer a assistir aquela série que amo ou aquele filme pura água com açúcar? Sem ti do meu lado, é tudo sem graça.
         Eu desisti de você. Não me julgue, você desistiu da gente primeiro. Oh, você acha que eu não percebi? Eu vi que desistiu quando você passou a não me cumprimentar nas ruas da cidade. Você desistiu quando começou a mentir pra mim. Desistiu de nós quando começou a fazer planos que não me incluíam mais. Desistiu da gente quando sua amiga do cursinho se tornou sua nova namorada. E eu fiquei a mercê do vazio, do tempo. Dizem que o tempo cura, a questão é: quanto tempo?
         Será que você já contou pra ela dos seus medos e pesadelos? Será que ela já sabe que você ainda sonha em ser um fisioterapeuta? Você já contou que acredita que as máquinas ainda vão dominar a Terra e que você morre de medo do filme "Eu, robô", ou tem medo de se envolver tão seriamente assim?
         Eu esperei por você. Por longos cinco anos, esperei você. Quando dizia que ainda não estava preparado, eu esperei. Quando disse que estava ocupado demais para manter um relacionamento, eu esperei. Eu fiz das tripas coração pra manter você bem, enquanto eu era destruída dia após dia.
         Olha, não digo que não foi bom. O - curto - tempo que ficamos juntos foi ótimo, mas nem de longe era o que eu esperava. Talvez por sempre me contentar com restos e migalhas, os segundos que você gastava comigo, já me deixava em êxtase. Ainda assim, eu esperava mais. Muito mais. Depois de todo o meu esforço, eu pensei que seria finalmente o final feliz. Mas não foi feliz, foi só o fim mesmo.
         Eu estou passando por aqui só pra te lembrar que eu desisti de você. Tudo bem que nem um adeus você merecia, mas eu sou assim mesmo. Dou chance até pra quem não merece. Enfim, eu desisti de você. De nós. Porque as vezes é preciso desistir de alguma coisa que você é para se tornar quem você quer ser.
         Au revoir.

(Leia este texto escutando "Open your eyes", do Snow Patrol, aqui)



          Moça, posso te contar uma coisa? Eu sei que você está aí vendo todas as suas amigas se apaixonando pelos primeiros caras que aparecem em suas vidas. Elas parecem muito felizes - e algumas até realmente estão - mas o medo de ficarem sozinhas faz com que elas se agarrem em seus namorados como se fossem boias de salva-vidas e, se ficarem sozinhas, morrerão afogadas num mar de tristeza e solidão. Mas quer um conselho? Não se preocupa em achar "o amor da sua vida" não.
          Vive a tua vida, faz as coisas que gosta. Sai com os seus amigos, visita aquele sebo que você sempre fica olhando de dentro do ônibus até virar a esquina. Vai no cinema ver o filme que quer há muito tempo mas tinha vergonha de assumir. Se quiser, compra um mundo de doces e se delicia. Não se preocupa com o futuro não.
          Uma hora ele vai aparecer, e você vai perceber que a espera valeu a pena.
          Quando seus olhares se cruzarem ao longe, "que exploda o mundo inteiro!", você dirá, porque, internamente, você já está em chamas. A mão dele vai tocar você, e uma onda de eletricidade vai se espalhar por todo o seu corpo. Quando seus lábios se tocarem, não existirá nada no mundo que te faça querer estar em outro lugar. Quando ele te abraçar, você vai descobrir que o melhor lugar do mundo não é um lugar.
          Ele vai saber os seus cantores prediletos, de como você gosta da sua comida e até vai aturar aquele seu amor (quase) possessivo por "How I Met Your Mother". Ele vai até rir de você e te deixar estressada, dizendo que Friends é bem melhor. Mas isso é só porque ele acha que você fica linda e sexy quando fica brava, e acha admirável o seu jeito de lutar pelo que ama. Porque ele sabe que você o defenderia com o mesmo amor e carinho.
          Acredite em mim: quando o amor é verdadeiro, ele não vai se importar se o seu cabelo estiver bagunçado - na verdade ele é quem vai bagunçar, só pra brincar com você. Ele vai se preocupar e cuidar de você em qualquer situação. Vai querer te levar ao médico por qualquer dor de cabeça e não vai te deixar sozinha se você estiver fraca ou com algum mal-estar. Isso não significa que ele seja possessivo, ele apenas se preocupa (MUITO) com você.
          Ele vai oferecer sua blusa de frio para você ir embora numa noite fria, e vai querer te dar seu sapato depois de te ver em cima de um salto por horas. Ele vai ser o seu porto seguro. Vai te escutar nas crises, te aguentar na TPM e, se preciso, vai te dar um pote de Nutella se vir que isso vai fazer o seu dia melhor.
          Por isso, moça, aguenta firme. Não se contenta com pouca coisa. É claro que ninguém é perfeito, mas você tem o direito de querer alguém que te faça o mais feliz e bem possível. As vezes pode parecer que está demorando, mas é só o destino te arranjando alguém. Um alguém bom, carinhoso e que mereça ter você.
          Não desacredita do amor, não. Não desacredita, porque é o melhor sentimento que vai habitar o seu coração. E, eu te garanto, a espera vai valer a pena.